Brazilian Metallurgy, Materials and Mining Association

Indústria siderúrgica debate redução na emissão de gases durante a ABM WEEK 2019

Precificação de carbono e atendimento às metas estipuladas pelo Acordo de Paris preocupam o setor.

Reduzir a emissão de gases do efeito estufa é algo que está na agenda da indústria siderúrgica brasileira. Altamente dependente do uso de carvão mineral, a produção de aço representa mais de 40% das emissões das indústrias nacionais. No entanto, basta um olhar mais amplo para notar que a participação desse setor não é tão impactante.

A indústria representa apenas 5% das emissões de gases do efeito estufa no Brasil, enquanto que os setores agropecuário e florestal respondem por 70% das total de emissões. Os dados foram apresentados por Lucila Caselato, gerente de sustentabilidade do Instituto Aço Brasil, em mesa-redonda realizada no dia 3 de outubro durante a ABM WEEK 2019.

"O objetivo do encontro foi debater como a indústria pode contribuir para reduzir suas emissões sem colocar em risco sua competitividade", comentou a moderadora dos debates, Cenira Moura Nunes, gerente ambiental da Gerdau.

Em sua apresentação, Caselato levou aos participantes outros dados interessantes. Um deles é o de que a operação dos alto-fornos representa 65% das emissões da siderurgia. O outro é o de que as emissões específicas brasileiras são bem menores que a média global.

"Embora a nossa participação no contexto nacional seja pequena, as pressões para reduzirmos emissões são enormes, vindas da sociedade, do mercado e da academia", pontuou a executiva do Aço Brasil.

Ela revelou um estudo coordenado pelo instituto para identificar possíveis tecnologias para reduzir emissões de gases do efeito estufa. "Analisamos 45 tecnologias ou práticas para as usinas integradas. Descobrimos que se a gente conseguisse implementar todas as tecnologias listadas, chegaria a uma redução de emissões da ordem de 7%".

"Quando o assunto é sustentabilidade e eficiência energética, o Brasil já é benchmarking em muitas áreas", comentou Priscila Freire Rocha, especialista em meio ambiente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

Segundo ela, alguns segmentos industriais já estão no limite do que é possível de ser melhorado. "Para ir além, é necessário que o Brasil tenha uma governança estruturada para a gestão do clima e traga incentivos e recursos para adotarmos tecnologias de ruptura", diz Rocha.

Uma ferramenta que vem auxiliando as empresas a entender suas emissões é o inventário de gases do efeito estufa. "Trata-se de um diagnóstico  e de um instrumento de gestão que permite às empresas lidar com esse assunto com mais transparência", definiu Guilherme Lefévere, gerente de projetos no Centro de Estudos em sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Segundo Lefévere, o inventário torna-se ainda mais imprescindível diante da criação de um eventual mercado de carbono, como estabelecido nos termos do artigo 6º do Acordo de Paris.

Esse tema, aliás, é um motivo de preocupação entre as indústrias, segundo Priscila Rocha. "O Brasil tem que avaliar se é realmente preciso algum mecanismo de precificação. Se chegar à conclusão de que isso é necessário, deve buscar o melhor modelo para não colocar em risco a competitividade da indústria", concluiu a representante da Fiesp.

A ABM WEEK conta com o patrocínio das seguintes empresas (atualizado em 12/09/2019): Açokorte, Aperam, ArcelorMittal, Atomat, Beda, Brasiltec,BRC, Cargo X, CBMM, Clariant, Condat, Danieli, Dassaut Systemès, DDMX, DME Engenharia, DSI Montagens Refratárias , ESW, Fosbel, Gerdau, Harsco, Hatch CISDI, Ibar, Imerys, IMS Messsysteme, Ingersoll Rand, John Cockerill, Kelk/PLM, Kuttner, Lechler, Login Logística, Maina, Metso, Nalco, Nokia, Giovanella, Paul Wurth, Polytec, Primetals, PSI Metals, Pyrotek, Reframax, RHI Magnesita, RIP, Saint-Gobain, SMS Group, Spraying Systems, Stagio Cargas, Suez Water, Suncoke, Tecnosulfur, Ternium, Timken, Tora, Unifrax, Usiminas, Vale, Vamtec, Vesuvius, Villares Metals, VLI Logística, White Martins. O evento também possui o apoio das seguintes instituições: Abendi, AIST, Capes, CNPq, Instituto Aço Brasil, Instituto Brasileiro de Mineração - Ibram, SAE Brasil e Sinobras. 

 

Texto: Juliana Nakamura

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