ABM - Associação Brasileira de Metalurgia, Materiais e Mineração

Japão se prepara para ser o primeiro país do mundo a produzir aço carbono zero

Executivo da Nippon Steel apresentou novos processos de reciclagem e de substituição de insumos em plenária da ABM WEEK 2019.

Em todo o mundo, a pressão pela redução de emissões de gases do efeito estufa tem impulsionado as siderúrgicas a buscarem soluções que consigam reduzir os impactos da produção industrial no meio ambiente sem perda de competitividade. No Japão, onde as metas de redução de emissões estão entre as mais audaciosas do planeta, as empresas parecem estar mais perto de zerar as emissões deste poluente na produção do aço. Tudo graças a uma série de tecnologias, já em operação, segundo Koji Saito, líder da área de pesquisa e desenvolvimento da Nippon Steel Corporation (NSC).


O especialista da maior siderúrgica nipônica esteve no Brasil para participar da plenária “Desafios da Indústria Siderúrgica e de Mineração”, realizada nesta quarta (2 de outubro) dentro da programação da ABM WEEK 2019. Na ocasião ele citou algumas inovações que vêm permitindo às usinas do seu país reduzir drasticamente a redução de emissões de CO2.

Entre elas, um processo que permite a utilização de resíduos plásticos como insumo para adição na câmara do alto-forno. Outra técnica que se destaca é a RHF (Rotary Hearth furnace), que consiste em um processo de redução direta em forno rotativo. Com essa solução, é possível recuperar metais valiosos como o zinco do pó produzido durante o processo de fabricação de aço, além de diminuir o consumo de agentes redutores, como o coque.

Para Saito, o desenvolvimento tecnológico é a chave para solucionar a necessidade de reduzir as emissões globais de gás carbônico. No Japão, a redução de emissões de gases do efeito estufa são uma questão de estado e setorial. Em 2007 o governo criou a iniciativa Cool Earth 50 para incentivar o uso de tecnologias economizadoras de energia e compatibilizar proteção ambiental e crescimento econômico. Em complemento a isso, foi criado o Course 50 (em inglês, CO2 Ultimate Reduction in Steelmaking Process by Innovative Technology for Cool Earth 50).

Reunindo as cinco maiores usinas integradas do país, o Course 50 trabalha para reduzir as emissões dos alto-fornos japoneses em pelo menos 30% até 2030.“Trata-se do primeiro passo importante para chegar ao aço zero carbono”, afirma o pesquisador da Nippon Steel.

Além de soluções para reaproveitar materiais, Saito aposta na utilização de gás hidrogênio no processo de redução direta como a principal medida capaz de impactar positivamente as emissões de gases do efeito estufa na siderurgia. Afinal, diferente de outros materiais combustíveis, o hidrogênio quando queimado produz basicamente vapor de água.

Saito explica que os processos convencionais de fabricação de aço baseados em alto-forno usam gás CO para remover o oxigênio do minério de ferro. Como o gás CO tem um tamanho molecular maior, é difícil para as moléculas penetrarem no minério de ferro. Por outro lado, o gás H2, com um tamanho molecular muito menor, tem uma taxa de penetração maior no minério de ferro, agregando mais eficiência ao processo de redução nos alto-fornos.

Sobre a ABM WEEK

A ABM WEEK conta com o patrocínio das seguintes empresas (atualizado em 12/09/2019): Açokorte, Aperam, ArcelorMittal, Atomat, Beda, Brasiltec,BRC, Cargo X, CBMM, Clariant, Condat, Danieli, Dassaut Systemès, DDMX, DME Engenharia, DSI Montagens Refratárias , ESW, Fosbel, Gerdau, Harsco, Hatch CISDI, Ibar, Imerys, IMS Messsysteme, Ingersoll Rand, John Cockerill, Kelk/PLM, Kuttner, Lechler, Login Logística, Maina, Metso, Nalco, Nokia, Giovanella, Paul Wurth, Polytec, Primetals, PSI Metals, Pyrotek, Reframax, RHI Magnesita, RIP, Saint-Gobain, SMS Group, Spraying Systems, Stagio Cargas, Suez Water, Suncoke, Tecnosulfur, Ternium, Timken, Tora, Unifrax, Usiminas, Vale, Vamtec, Vesuvius, Villares Metals, VLI Logística, White Martins. O evento também possui o apoio das seguintes instituições: Abendi, AIST, Capes, CNPq, Instituto Aço Brasil, Instituto Brasileiro de Mineração - Ibram, SAE Brasil e Sinobras.

Texto: Juliana Nakamura

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